Por Maria do Céu Carvalho Dias*
A pedido de um comentarista (ver mensagem Os árabes em Sesimbra) vos direi, com base numa conversa com o meu amigo e ex-aluno Luís Ferreira, arqueólogo e autor do livro “Da pedra ao acorde: o Castelo de Sesimbra”, que o nome Sesimbra tem origem na língua celta – Cempsibriga – que já aparece nos escritos romanos ligada ao Cabo Espichel. Cempsi vem de o povo Cempso que habitou esta região e Briga quer dizer povoação fortificada. Também importante é lembrar-vos que no Foral de Sesimbra de 1201, Sesimbra já é “Sesimbria”.Outras hipóteses discutíveis já surgiram, como Shezambra (do árabe); Sysimbrium (do latim) que é a designação de uma planta, provavelmente existente nesta zona, e cujas flores brancas as noivas romanas utilizavam para fazer as suas grinaldas; Sisymbrinm (também do latim) que significa a planta agrião.
Como para quase tudo em Portugal há uma explicação lendária, também o nome Sesimbra tem uma lenda:
- Há muitos, muitos anos, quando estas terras eram povoadas e governadas por um tirano que exigia variados tributos, inclusivamente dormir com as noivas na véspera do casamento (direito comum na Europa), o pescador Zimbra não aceitou esta exigência do Senhor com a sua noiva Maria. Tentou convencer outros colegas a terem a mesma atitude e fugirem para junto do mar, onde passariam a viver. Ao chegar a véspera do seu casamento com Maria, acompanhado por outros casais desceram o monte e fundaram a vila de Sesimbra. O nome relaciona-se com o papel de chefe que Zimbra passou a ter, pois sempre que era preciso tomarem posição diziam: “Se Zimbra quiser” e daí Sesimbra.
* Maria do Céu Carvalho Dias é formada em História pela Universidade Clássica de Lisboa
desde criança que ouço esta história que sempre me fascinou,como me fascina a vila de seu nome Sesimbra.
ResponderExcluirA lenda "Se Zimbra quiser" é uma invenção de meados do século XX, da autoria de Gentil Marques, com fins puramente comerciais (crónicas na rádio e posterior publicação da obra "Lendas de Portugal"). Para a invenção da lenda, Gentil Marques inspirou-se numa outra mentira histórica: a de que Sesimbra estava na colina do Castelo e um dia mudou-se para junto da praia. Hoje encontra-se estabelecido que durante séculos (pelo menos desde a reconquista cristã) coexistiram as duas povoações: a Sesimbra oficial, na colina acastelada, numa lógica de ponto de vigia e defesa face a eventuais ameaças ao novo reino; e a Sesimbra ribeirinha, junto ao mar, gerada pela actividade piscatória. A vila acastelada, apesar de equipada com alcaide e guarnição militar, juiz de fora e igreja paroquial, sempre teve problemas de sustentação, e a vila ribeirinha acabou por se afirmar, perante o definhamento da urbe acastelada.
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