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Nasci no Recife, capital de Pernambuco, um dos 26 Estados do Brasil. Sou jornalista diplomada, amante da vida e de tudo que é positivo, verdadeiro e autêntico. Deixei as águas do Capibaribe, o mais famoso rio que banha o Recife. Atravessei o Oceano Atlântico e desaguei no rio Tejo, que acalenta Lisboa. E para aproximar esses dois lugares tão distantes mas com fortes ligações históricas e culturais, dei início a construção desta "ponte" Pernambuco-Portugal.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Lisboa - Avenida do Brasil e Avenida do Rio de Janeiro


Por Maria do Céu Carvalho Dias *

Como temos vindo a constatar, em Lisboa há uma série de ruas, avenidas e praças que têm toponímia brasileira, certamente para homenagear o povo brasileiro e recordar os seus ilustres, bem como zonas que se relacionam com a história ou figuras do Brasil. Publicámos vários textos com a finalidade de dar a conhecer esta toponímia e por isso hoje queremos que conheçam a Avenida do Brasil e a Avenida do Rio de Janeiro, bem como a freguesia onde estão implantadas. Estas avenidas ficam na freguesia de S. João de Brito, o número 19 do mapa publicado neste blogue (1) Segundo a reforma administrativa que está em curso, esta freguesia une-se a outras e passar-se-á a chamar Alvalade.

A freguesia de S. João de Brito só nasceu em 1959 devido ao grande desenvolvimento que se processava na cidade de Lisboa. Claro que a zona, extensa, plana e aberta, já era conhecida e referida pelo menos desde o século XII, quando os cruzados que ajudaram D. Afonso Henriques a conquistar Lisboa aos Árabes em 1147, por ali acamparam. No princípio do século XIV, as zangas entre D. Dinis e o filho D. Afonso IV resolveram-se algures nos campos de Alvalade. João I de Castela acampou por ali no século XIV, quando veio exigir o trono em nome de sua mulher, D. Beatriz, filha de D. Fernando, embora nada tenha conseguido. Dadas as características orográficas aqui se praticavam exercícios militares e em 1580 é nestes campos de Alvalade que D. Sebastião revista as tropas que vão combater em Alcácer-Quibir, acompanhando o rei no seu sonho de conquista. Esta região, hoje completamente integrada na cidade, era pouco habitada, por ela passava um ribeiro que regava campos férteis com vinha, olival, searas, pomares e hortas. Como outras zonas, no passado arredores de Lisboa, os ares eram saudáveis e curativos, passando a ser chamariz para veraneio no século XVII e XVIII. Aos poucos o tráfego aumenta e com ele pontos de paragem e espaços industriais; mas só em meados do século XX desaparece o carácter rural da região, com a construção da Cidade Universitária (que nos anos sessenta eu já frequentei) e de bairros habitacionais para vários níveis sociais. A par da habitação, da rede viária e do metropolitano, que só em 1970-80 aqui começa a funcionar, vão sendo criadas escolas para vários níveis etários como o Liceu Dona Leonor, igrejas como a de S. João de Brito, campos de jogos como o 1º de Maio, cinemas como o Alvalade e Roma, hospitais como o Hospital Júlio de Matos, o Laboratório de Engenharia Civil, conceituado pela Europa fora.

Avenida do Brasil

A Avenida do Brasil (2) que antes era nomeada de Alferes Malheiro, passou a existir em 1948 e vai do Jardim do Campo Grande até à Praça do Aeroporto ou Rotunda do Relógio que certamente alguns de vocês já conhecem por lá passarem, quando chegam a Lisboa ou no regresso aos vossos países. Antes já havia a Praça do Brasil onde hoje é o Largo do Rato. (3) Para além de prédios dum lado e doutro, algumas lojas e restaurantes, aqui fica o Centro Hospitalar Psiquiátrico (o Hospital Júlio de Matos) e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil. A Avenida do Brasil leva-nos para o Aeroporto e para norte de Portugal e do lado poente permite-nos descortinar a Cidade Universitária e o Arquivo Nacional da Torre do Tombo. (4)


Estádio 1º de Maio

A Avenida do Rio de Janeiro (2), antiga capital do Brasil – é em 1960 que Brasília passa a capital – faz a ligação entre a Avenida do Brasil e a Avenida dos Estados Unidos da América. Em 1948 foi atribuído este nome, mas já antes havia a praça do Rio de Janeiro, situada na actual Praça do Príncipe Real, ao Bairro Alto. Ao longo desta avenida encontramos prédios de habitação, lojas, o estádio 1º de Maio e vemos a Igreja de S. João de Brito.

Esta freguesia, bem como a do Campo Grande, Alvalade, S. Sebastião da Pedreira e Nossa Senhora de Fátima, os números 18 e 19 do nosso mapa das freguesias, (1) mostram a Lisboa de meados do século XX.

(1) Ver este blogue, 12 de Fevereiro 2011. (2) Observar a planta de Lisboa. (3) Ver neste blogue a Avenida Álvares Cabral. (4) Há uma parte da Avenida do Brasil que pertence à freguesia do Campo Grande.
Fontes – http://aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.com http://www.jf-sjbrito.pt/  

Veja neste blog os outros episódios da série Praças e Ruas de Lisboa:
- Praça D. Pedro IV:
- O Chiado:
- Avenida Álvares Cabral
- Praça Bernadino Machado:
- As freguesias de Lisboa:
- Belém - Lisboa. Do Museu da Electricidade até à Praça do Império:
- Belém – Lisboa. A Praça do Império:
- Avenida Almirante Gago Coutinho e Avenida Sacadura Cabral :
- Rua Cecília Meirlles:
- Rua Alexandre de Gusmão:
- Rua Pedro Calmon:
- Travessa do Enviado da Inglaterra:
- Praça do Marquês do Pombal:

* Maria do Céu Carvalho Dias é formada em História pela Universidade Clássica de Lisboa

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