Publicado em 28/06/2013 Jornal do Commercio
Bruno Albertim
bruno.albertim@gmail.com
Quem passa pela Rua do Espinheiro (Recife) deve
ter percebido que o casarão decorado com os grafismos da tradicional
azulejaria portuguesa guarda ares de consulado. E não pode ser encarado
como menos a casa aberta há pouco pelas irmãs, lisboetas de nascença e
vocação, Ana, Sandra e Suzana Gonçalves: uma grande, farta e convidativa
embaixada dos sabores diretos e honestos da terrinha. Sem esforço, ali,
vamos a Portugal sem precisar sair do Recife.
Não fosse pelo espaço amplo dos dois
andares do imóvel antigo, nos sentiríamos numa mais que tradicional
tasquinha de Lisboa. A honestidade da cozinha e a informalidade
eficiente do serviço em tudo nos lembram os pequeninos restaurantes
familiares portugueses.
O sucesso imediato deve ter explicação
no trato que as proprietárias dão à cozinha portuguesa: simples,
aromática, honesta, farta, direta, sem complicações. Uma cozinha, claro,
de técnicas, mas sobretudo de respeito aos ingredientes. Tudo ali é
feito tal e qual faziam avós e tias.
Apaixonantes são as gambas a Bulhões
Pato (R$ 28): os camarões assados em azeite abundante, alho, mostarda e
limão. Nem todo o (excelente) pão feito na casa será suficiente para
sorver o molho azeitado no fundo do tacho. É importante entender que o
que consideramos, no Brasil, como temperos, aqui são tratados como
coadjuvantes: alho, azeite, limão e coentros (esses artigos que, enfim,
herdamos do colonizador), sublinham parte considerável dos pratos da
casa.
Em Portugal, diz-se, há uma receita de
bacalhau para cada dia do ano. No Taberna, o glossário é reduzido aos
pratos mais consagrados pelo paladar brasileiro: à lagareiro (assado com
azeite, alho, batata ao murro e ovo cozido); à Taberna (frito com
cebola refogada e batatas fritas); Com broa (desfiado, refogado em
azeite, alho, cebola, batatas e uma crosta de broa e ervas aromáticas);
Zé do Pipo (cozido e desfiado, cebola, purê e maionese) ou com natas
(refogado em azeite com cebola, alho, batata e natas).
Os preços variam de cerca de R$ 42 a
cerca de R$ 89, a depender da receita e da porção. Sobretudo para quem
vai passear pelas entradas (às quartas e sextas à noite, a casa serve
sardinhas na brasa), é bom lembrar da generosidade lusa: mesmo
supostamente individuais, as meias doses podem servir até duas pessoas.
Para os carnívoros, há opções como o
arroz de pato, ao forno, molhadinho. Todos os pratos, aliás, são
servidos no horário de almoço em regime de bufê no quilo (R$ 42/Kg). As
sobremesas também são lusófonas como só elas: desde a pouco conhecida
(por aqui) falófia (claras em neve cozidas em leite com limão e canela)
aos pasteis de nata (R$ 24, seis unidades), capazes de nos fazer mandar
qualquer dieta para a Penísula Ibérica.
Rua do Espinheiro, 357, Espinheiro. Tel:
(81) 3048-1087. Segunda a sexta, das 12h as 15h, self-service. Das 19h a
1h, a la carte. Sábados: (à la carte): 12h às 15h e 19h à 1h. Domingo
(à la carte): das 12h às 16h.
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