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Nasci no Recife, capital de Pernambuco, um dos 26 Estados do Brasil. Sou jornalista diplomada, amante da vida e de tudo que é positivo, verdadeiro e autêntico. Deixei as águas do Capibaribe, o mais famoso rio que banha o Recife. Atravessei o Oceano Atlântico e desaguei no rio Tejo, que acalenta Lisboa. E para aproximar esses dois lugares tão distantes mas com fortes ligações históricas e culturais, dei início a construção desta "ponte" Pernambuco-Portugal.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Uma casa mais que portuguesa no Espinheiro

Trio de irmãs lisboetas comanda a Taberna Portuguesa, na Rua do Espinheiro

Publicado em 28/06/2013 Jornal do Commercio

Bruno Albertim
bruno.albertim@gmail.com

  / Foto: Ricardo B. Labastier/JC IMAGEM

 Quem passa pela Rua do Espinheiro (Recife) deve ter percebido que o casarão decorado com os grafismos da tradicional azulejaria portuguesa guarda ares de consulado. E não pode ser encarado como menos a casa aberta há pouco pelas irmãs, lisboetas de nascença e vocação, Ana, Sandra e Suzana Gonçalves: uma grande, farta e convidativa embaixada dos sabores diretos e honestos da terrinha. Sem esforço, ali, vamos a Portugal sem precisar sair do Recife.

Não fosse pelo espaço amplo dos dois andares do imóvel antigo, nos sentiríamos numa mais que tradicional tasquinha de Lisboa. A honestidade da cozinha e a informalidade eficiente do serviço em tudo nos lembram os pequeninos restaurantes familiares portugueses.

O sucesso imediato deve ter explicação no trato que as proprietárias dão à cozinha portuguesa: simples, aromática, honesta, farta, direta, sem complicações. Uma cozinha, claro, de técnicas, mas sobretudo de respeito aos ingredientes. Tudo ali é feito tal e qual faziam avós e tias.

Apaixonantes são as gambas a Bulhões Pato (R$ 28): os camarões assados em azeite abundante, alho, mostarda e limão. Nem todo o (excelente) pão feito na casa será suficiente para sorver o molho azeitado no fundo do tacho. É importante entender que o que consideramos, no Brasil, como temperos, aqui são tratados como coadjuvantes: alho, azeite, limão e coentros (esses artigos que, enfim, herdamos do colonizador), sublinham parte considerável dos pratos da casa.

Em Portugal, diz-se, há uma receita de bacalhau para cada dia do ano. No Taberna, o glossário é reduzido aos pratos mais consagrados pelo paladar brasileiro: à lagareiro (assado com azeite, alho, batata ao murro e ovo cozido); à Taberna (frito com cebola refogada e batatas fritas); Com broa (desfiado, refogado em azeite, alho, cebola, batatas e uma crosta de broa e ervas aromáticas); Zé do Pipo (cozido e desfiado, cebola, purê e maionese) ou com natas (refogado em azeite com cebola, alho, batata e natas).

Os preços variam de cerca de R$ 42 a cerca de R$ 89, a depender da receita e da porção. Sobretudo para quem vai passear pelas entradas (às quartas e sextas à noite, a casa serve sardinhas na brasa), é bom lembrar da generosidade lusa: mesmo supostamente individuais, as meias doses podem servir até duas pessoas.

Para os carnívoros, há opções como o arroz de pato, ao forno, molhadinho. Todos os pratos, aliás, são servidos no horário de almoço em regime de bufê no quilo (R$ 42/Kg). As sobremesas também são lusófonas como só elas: desde a pouco conhecida (por aqui) falófia (claras em neve cozidas em leite com limão e canela) aos pasteis de nata (R$ 24, seis unidades), capazes de nos fazer mandar qualquer dieta para a Penísula Ibérica.

Rua do Espinheiro, 357, Espinheiro. Tel: (81) 3048-1087. Segunda a sexta, das 12h as 15h, self-service. Das 19h a 1h, a la carte. Sábados: (à la carte): 12h às 15h e 19h à 1h. Domingo (à la carte): das 12h às 16h.

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