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Nasci no Recife, capital de Pernambuco, um dos 26 Estados do Brasil. Sou jornalista diplomada, amante da vida e de tudo que é positivo, verdadeiro e autêntico. Deixei as águas do Capibaribe, o mais famoso rio que banha o Recife. Atravessei o Oceano Atlântico e desaguei no rio Tejo, que acalenta Lisboa. E para aproximar esses dois lugares tão distantes mas com fortes ligações históricas e culturais, dei início a construção desta "ponte" Pernambuco-Portugal.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O Chiado - Lisboa

Praça ou Largo Luís de Camões

Por Maria do Céu Carvalho Dias*
Fotografias: Charles Lins

O Chiado é uma zona simbólica e tradicional da cidade de Lisboa, localizada entre a Baixa Pombalina, onde fica a Praça D. Pedro IV (1) e o Bairro Alto, área de visita nocturna obrigatória.

Desde meados do século XIX que esta zona se tornou centro ou ponto de passagem da alta sociedade portuguesa e da elite intelectual romântica. Aqui nasceu o Grémio Literário e pelo Chiado se passeiam algumas personagens criadas por Eça de Queirós nas suas obras, como em “Os Maias”. A vida social decaiu muito com o aparecimento de Centros Comerciais noutras zonas de Lisboa e sobretudo com o terrífico incêndio que em 1988 deflagrou no Chiado. A reconstrução da zona ficou entregue ao arquitecto Siza Vieira e hoje é de novo um dos mais movimentados e requintados espaços da cidade, com lojas de roupa, sapatarias, ourivesarias, livrarias, pastelarias, restaurantes e centros comerciais.

O topónimo Chiado deriva de António Ribeiro “Chiado”, poeta e arruaceiro do século XVI ou de Gaspar Dias “Chiado”, taberneiro do mesmo século. No meio da Praça do Chiado fica a estátua de António Ribeiro Chiado. Todavia os interesses do Chiado vão muito para além desse monumento. Vejamos:

- Nesta Praça está a estátua do grande poeta Fernando Pessoa, esculpida em bronze por Lagoa Henriques. Colocaram-na frente ao Café A Brasileira, porque Fernando Pessoa frequentou esse espaço com outros intelectuais e também, porque o escritor nasceu numa outra praça próxima, o Largo de S. Carlos. A Brasileira foi fundada em 1905 por um português que vivera no Brasil e vendia café brasileiro, goiabada, tapioca e outros produtos. Subir o Chiado, ir à Brasileira tomar o pequeno-almoço ou lanchar, bem como observar as telas de Almada Negreiros e de outros pintores que frequentaram o Café e fotografar Fernando Pessoa, é obrigatório. Muito próximo fica também um prédio, o Palácio de Pinto Basto, que foi o fundador da fábrica de porcelana Vista Alegre. Nele esteve hospedado Junot, o general francês que comandou a 1ª Invasão francesa em 1807. Antes de chegarmos ao Largo, do lado esquerdo quando subimos, deparamo-nos com a Basílica de Nossa Senhora dos Mártires construída depois do Terramoto de 1755; mas no local terá havido uma pequena Igreja desde 1147, altura em que o Rei D. Afonso Henriques conquistou Lisboa aos Mouros e neste sítio mandou administrar o primeiro Baptismo. Na Praça do Chiado erguem-se duas Igrejas, restauradas após o Terramoto de 1755: a Igreja de Nossa Senhora do Loreto ou dos italianos e a de Nossa Senhora da Encarnação. Muito próximo fica também a Igreja do Santíssimo Sacramento construída no século XVI, com as particularidades de estar voltada para oriente e de ainda não terem sido concluídas as obras iniciadas após o incêndio de 1988. O único motivo menos bonito neste Largo é uma boca de Metropolitano; todavia é ela que permite o acesso rápido àquela zona.
Estátua de Fernando Pessoa

- Se continuarmos na direcção poente estamos na Praça ou Largo Luís de Camões, onde os Brasileiros encontram o seu Consulado Geral em Lisboa. O nome do lugar deve-se ao facto de em 1867 ter sido inaugurado o monumento ao Poeta: foi custeado por subscrição pública e é a primeira estátua pública dedicada a um escritor. É da autoria de Víctor Bastos e, se a estátua de Camões é de bronze, a base apresenta oito estátuas em pedra, de escritores e “cientistas” também do século XVI: Pedro Nunes, Fernão Lopes, João de Barros e outros. Este monumento foi importante para a época e está ligado às Comemorações do Tricentenário da morte de Camões (1880), aproveitadas pelo Republicanismo para criticar a Monarquia e acordar os Portugueses para a mudança necessária que virá em 1910.

- Integra-se ainda no Chiado, o Largo do Carmo polvilhado de jacarandás lindíssimos. Aqui se vê também um imponente Chafariz do século XVIII e as Ruínas do Convento do Carmo, construído no século XIV e destruído pelo Terramoto de 1755. Se desejar deleitar-se com a vista e viajar no Elevador de Santa Justa, tem uma entrada/saída neste largo. O elevador, da arte do ferro, foi construído pelo português Mesnier du Ponsard, aluno de Eiffel (o da Torre de Paris) e inaugurado em 1902.

- Quer ver arte contemporânea? É que no Chiado transpira-se cultura. Tire umas horas e entre no Museu Nacional de Arte Contemporânea/Museu do Chiado, onde encontra obras criadas a partir da segunda metade do século XIX.

- Prefere ir ao teatro ou à ópera? Pode escolher: o Teatro S. Luiz; o Teatro da Trindade; o Teatro de São Carlos, único teatro de ópera em Portugal; o Teatro-Estúdio Mário Viegas. Também já existiu nesta zona o Teatro Gymnasio, onde foram apresentadas as primeiras revistas à portuguesa (teatro musical, popular e satírico).
Espero que tenha ficado entusiasmado para usufruír do Chiado, quando vier a Lisboa.

Fontes:
-(1)- Ver neste blogue o primeiro episódio da série Praças e Ruas de Lisboa: http://http://docapibaribeaotejo.blogspot.com/2011/01/praca-d-pedro-iv-mais-conhecida-por.html
-França, José Augusto, Lisboa: Urbanismo e Arquitectura. História da Arte em Portugal. Rotas e Destinos – Lugares com História. Ruas de Lisboa com alguma história. http://www.revelarlx.cm-lisboa.pt , http://www.guiadacidade.pt e http://www.rotas.xl.pt

* Maria do Céu Carvalho Dias é formada em História pela Universidade Clássica de Lisboa

5 comentários:

  1. ola, eu adoro esse blog
    ja fui no chiado e vou novamente em abril ,ja tirei foto na frente do teatro trindade
    eu adoro lisboa !!!

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  2. Daqui de Recife, Lisboa é a primeira cidade que me vem quando penso em ir à Europa... Simplesmente amo caminhar pelas ruas e praças dessa cidade cheia de charme e história, tão perto e tão longe de nós. Á noite, como diz um grande amigo português, nada melhor que "caminhar sob a luz única de Lisboa".
    Um bacalhau no Martinho, na Praça do Comercio, pegar o eletrico número 15 e ir provar mais uma vez da delícia centenária de Belém... hummm. E simplesmente caminhar, caminhar, pelo cais, entre aves, brisas e pensamentos... Preciso, deicididamente, voltar.

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  3. Professora Céu
    Um dia vou conhecer sua terra.
    Ana Clara Barreto

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  4. Professora Céu

    Acertei na mosca! Vou pensar qual será a próxima rua ou praça de Lisboa.
    Parabéns!

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  5. Patricia tenho tentado colocar alguns comentários mas não fica.Tô fazendo um teste com esse, ok?Celia

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