
No Complexo - Universo Paralelo os irmãos Patrocínio retratam a vida da comunidade do Complexo do Alemão, um conjunto de favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro (Brasil) que foi recentemente alvo de uma operação policial contra o narcotráfico.
Aproveito esta mensagem para enviar um abraço especial para alguns pernambucanos que estão, como eu, longe do Recife e que visitam este blog para matar a saudade da Veneza Brasileira:
minhas primas Marcela Reynolds (Inglaterra) e Rosemery Albuquerque (Fortaleza), Jô e Charles Lins (Genêve, Suíça), Alexandre de Lima (Lisboa, Portugal), Duda Guennes (Lisboa, Portugal), Regina Aguiar (Salamanca, Espanha), Regina Villaça (Bélgica), meu primo Hermann Brederode (Berlin, Alemanha), Maria Evangelina (Suíça), Mazinho Marques e Luiza (Califónia, Estados Unidos), Maria Peixoto e família (Lisboa, Portugal), Pedro e Carmen (Almada, Portugal) Glória Guedes (Lisboa, Portugal), Ernesto Vilar (Lisboa, Portugal), Linda Coutinho (Paris, França), Manoella Valadares (Lisboa, Portugal), (Alessandro Barbosa Lima (São Paulo, Brasil) e Assir Dasilva (Michigan, Estados Unidos).
A Árvore de Natal do Recife tem 33 metros de altura e é composta por 200 mil CDs e DVDs reciclados. Ela está montada em balsas no Rio Capibaribe em frente ao Paço Alfândega, no centro da cidade.
Por Maria do Céu Carvalho Dias*
A pedido de um comentarista (ver mensagem Os árabes em Sesimbra) vos direi, com base numa conversa com o meu amigo e ex-aluno Luís Ferreira, arqueólogo e autor do livro “Da pedra ao acorde: o Castelo de Sesimbra”, que o nome Sesimbra tem origem na língua celta – Cempsibriga – que já aparece nos escritos romanos ligada ao Cabo Espichel. Cempsi vem de o povo Cempso que habitou esta região e Briga quer dizer povoação fortificada. Também importante é lembrar-vos que no Foral de Sesimbra de 1201, Sesimbra já é “Sesimbria”.Outras hipóteses discutíveis já surgiram, como Shezambra (do árabe); Sysimbrium (do latim) que é a designação de uma planta, provavelmente existente nesta zona, e cujas flores brancas as noivas romanas utilizavam para fazer as suas grinaldas; Sisymbrinm (também do latim) que significa a planta agrião.
Como para quase tudo em Portugal há uma explicação lendária, também o nome Sesimbra tem uma lenda:
- Há muitos, muitos anos, quando estas terras eram povoadas e governadas por um tirano que exigia variados tributos, inclusivamente dormir com as noivas na véspera do casamento (direito comum na Europa), o pescador Zimbra não aceitou esta exigência do Senhor com a sua noiva Maria. Tentou convencer outros colegas a terem a mesma atitude e fugirem para junto do mar, onde passariam a viver. Ao chegar a véspera do seu casamento com Maria, acompanhado por outros casais desceram o monte e fundaram a vila de Sesimbra. O nome relaciona-se com o papel de chefe que Zimbra passou a ter, pois sempre que era preciso tomarem posição diziam: “Se Zimbra quiser” e daí Sesimbra.
* Maria do Céu Carvalho Dias é formada em História pela Universidade Clássica de Lisboa
Vila de Mértola com o seu castelo na parte alta, sua igreja matriz (antiga mesquita) e o rio Guadiana. Está localizada no distrito de Beja, na região do Alentejo, Portugal.
Leia o texto que o blog publicou sobre a influência árabe em Mértola:
http://docapibaribeaotejo.blogspot.com/2010/12/os-arabes-heranca-ou-o-legado-em.html
Câmara Municipal de Mértola:
http://www.cm-mertola.pt
Empresa Municipal de Turismo:
http://merturis.cm-mertola.pt
Por Maria do Céu Carvalho Dias*
Fotografias: Miguel Nuno de Carvalho Dias
Já vimos anteriormente que os Árabes/Muçulmanos entraram na Península Ibérica em 711 e, até 1249 em Portugal e 1492 em Espanha, tiveram uma influência grande em várias áreas, algumas das quais ainda hoje estão a ser estudadas. Todavia é preciso recordar vários aspectos: as marcas são maiores no sul mediterrânico, onde permaneceram mais tempo; durante séculos eles foram encarados como os inimigos dos cristãos e por isso a sua cultura desvalorizada e até destruída, como aconteceu, por exemplo, em Lisboa (Lisbûna em árabe). Neste momento há mais estudos, há muitas escavações e por isso sabe-se que o legado islâmico no território que hoje é Portugal, embora menor que no oriente peninsular (Espanha), é imenso.
Vimos no 1º episódio que o povo árabe nascido na Península arábica, devido ao comércio que praticava e à guerra santa para oriente e ocidente, conheceu vários povos com culturas diversas, das quais fez uma amálgama, originando a cultura islâmica ou árabe. Esta é influenciada por povos tão distintos como gregos, romanos, bizantinos, indianos, persas, egípcios, judeus, hindus e chineses. Da China os Árabes trouxeram para a Europa invenções importantes, como a bússola, um dos contributos para o avanço dos conhecimentos náuticos e geográficos em Portugal. Veio o papel, tendo fundado na Península Ibérica a primeira fábrica europeia; a pólvora, que contribuiu para revolucionar as técnicas militares. Divulgaram conhecimentos matemáticos, filosóficos e científicos, aos quais foram acrescentando novos conceitos de Álgebra, Medicina, Astronomia e Aritmética. Espalharam, por exemplo, o sistema de numeração hindu, a que chamamos árabe ou decimal. À semelhança dos Romanos mantiveram um estilo de vida mediterrânico, urbano, luxuoso, visível, não tanto em Portugal, mas nas mesquitas e nos palácios de Espanha, onde o tamanho, a decoração, os banhos, as fontes e os jardins manifestam fausto e riqueza. No entanto as cidades de Coimbra, Lisboa, Faro, Évora e outras, foram cidades islamizadas, onde ainda se encontram troços de muralhas, portas, traçados urbanos e vestígios de mesquitas. A de Silves (Algarve), por exemplo, foi destruída para construir um templo católico, mas em Mértola – muito interessante – a mesquita passou a igreja, embora com algumas modificações.
A língua portuguesa sofreu maior influência do Latim, então falado pelos romanos, no entanto o árabe é a segunda constituinte da língua portuguesa, do qual recebeu mais de seiscentas palavras. Certamente vão reconhecer vários vocábulos: relacionados com pessoas, como alcaide, almoxarife, alferes, almirante, arrais, alfândega, atalaia, arsenal, harém, oxalá (queira Deus), salamaleque (do árabe”as-salam’alaik”= a paz esteja contigo); ligados à vida rural e à alimentação: azeitona, azeite, arroz, alfarrobeira, alfazema, alface, algodão, açúcar, açafrão, café, limão, açougue, nora, azenha, açude, alqueire, almude, arrátel, arroba; relativos às ciências: algarismo, álgebra; cáravo ou caravela, barco usado pelos portugueses na época dos Descobrimentos (depois do barinel e antes da nau); muitos nomes próprios: Algarve, Aljezur, Albufeira, Alcântara, Alfama, Azóia, Almoinha, Aiana, Alcorão, (o al significa o) etc., etc.
Há obras literárias, várias inéditas, que descrevem Lisboa como uma cidade bonita com palácios, mesquitas, jardins, termas e mercados. Há lendas de mouras encantadas, há poesia, como a de Ibne Amar, poeta de Silves. O Gharb (território muçulmano que vem a ser Portugal) seria certamente um sítio bom para viver, embora, como já referi, os vestígios sejam reduzidos.
Um outro assunto curioso é o dos provérbios ou ditados populares: há-os das mais variadas proveniências quer ocidental, chinesa, indiana, mexicana ou árabe; têm uma força educativa considerável, talvez porque transmitem em poucas palavras a verdade das coisas e são universais; a cultura popular vai-se espalhando e por vezes perde-se a sua origem; também podem chegar através de um povo que lhes dá a paternidade; pode acontecer permanecer o sentido, mas mudarem os intervenientes devido à nova cultura; a influência também pode estar na forma de pensamento ou na organização frásica. Agora vamos a alguns exemplos:
- “Tal pai, tal filho”;
- “Cada macaco em seu galho”;
- “Casa de ferreiro, espeto de pau”;
- “Mais vale um pássaro na mão, do que dois a voar”;
- “Antes só que mal acompanhado”;
- “Os cães ladram e a caravana passa”;
- “Anda mouro na costa”. Recorda as investidas dos piratas berberes na costa portuguesa. Hoje refere-se a alguém que anda a rondar, interessado.
- (Correr) “Seca e Meca”. É nitidamente árabe, pois Seca era a importante cidade de Córdova (Espanha) e Meca a cidade santa. Quer dizer fazer muito e não adiantar nada.