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Nasci no Recife, capital de Pernambuco, um dos 26 Estados do Brasil. Sou jornalista diplomada, amante da vida e de tudo que é positivo, verdadeiro e autêntico. Deixei as águas do Capibaribe, o mais famoso rio que banha o Recife. Atravessei o Oceano Atlântico e desaguei no rio Tejo, que acalenta Lisboa. E para aproximar esses dois lugares tão distantes mas com fortes ligações históricas e culturais, dei início a construção desta "ponte" Pernambuco-Portugal.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Abreu e Lima para Abreu e Lima

Por José Nivaldo Junior*

O general Abreu e Lima foi, sem dúvida, um dos maiores personagens da História do Brasil. Embora não sendo o único, foi o primeiro e o mais destacado brasileiro a ter uma atuação internacionalista, aclamada em vários países da América do Sul, onde é tratado como herói.

Companheiro de Simon Bolívar, o Libertador, nas lutas pela Independência da América Latina, nunca teve, até hoje, em sua pátria, um reconhecimento à altura da sua importância, das suas idéias e do simbolismo do papel que representou.

Pelo contrário, sequer está enterrado em solo pátrio. Quando Abreu e Lima morreu, em 1869, o bispo de Pernambuco, D. Vital, não permitiu que fosse enterrado em cemitério cristão. Na época, Estado e Igreja se misturavam, de modo que uma ordem do bispo era uma ordem do governo. A solução foi enterrar o general no Cemitério dos Ingleses que, sendo anglicanos, tinham conquistado o direito de enterrar seus mortos em território diplomático, localizado no atual cruzamento das avenidas Norte e Cruz Cabugá, no Recife.

Registre-se que a perseguição e intolerância do bispo não era originada por sua atuação político/militar, nem mesmo por suas idéias socialistas e sim por defesa da liberdade religiosa e sua clara e notória adesão e defesa da maçonaria, na época vistas como inimiga pela igreja.

Proclamada a República, foi feita a separação Igreja/Estado, criando-se o estado laico, embora isso tenha ficado mais na teoria do que na prática. O mais absurdo é que o general continuou enterrado em território inglês. Quase inacreditável é que continue lá, até hoje. Depois de quase um século e meio, de várias anistias políticas concedidas no País, o general continua purgando sua pérfida condenação.

Esquecido também pelos livros de História do Brasil, o general teve sua imagem resgatada graças à posição firme de Hugo Chaves, que deu o que se chama de “chave de galão” nas autoridades brasileiras, e indicou o nome do herói para denominar a refinaria que se pretende construir em Suape. Registre-se que na Venezuela Abreu e Lima é reverenciado e imagino a dificuldade dos venezuelanos para entender o descaso com que é tratado em sua pátria.

Os ingleses foram generosos e humanos ao acolherem o herói que virou apátrida depois de morto. Concederam-lhe o exílio post-mortem que, como todo exílio, deve ser provisório. A remoção do general da sua morada atual não se configura uma descortesia com a Inglaterra, pelo contrário. É um ato de reconhecimento. E para o nosso Estado, em particular, trata-se de uma afirmação mínima de pernambucanidade.

E para onde deve ir o general???
Seu destino é natural, claro e evidente: o município que carrega o seu nome, onde deve ser colocado em panteão que faça homenagem não apenas a ele mas a todos os heróis que se doaram à causa da liberdade, do respeito, da integração dos povos.

*escritor e publicitário.
Abreu e Lima é o nome de um dos municípios da Região Metropolitana do Recife.
No dia 6 de abril foi o aniversário de nascimento do general Abreu e Lima. Este artigo foi publicado no jornal Grande Recife.

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